Bem-estar no trabalho: a nova métrica de Gestão de Pessoas
A construção de ambientes profissionais saudáveis, produtivos e equitativos passa pela liderança, na medida em que haja plena consciência da necessidade de criar, manter e aprimorar espaços ocupacionais condizentes com o ser humano contemporâneo – um lugar onde se possa “dar o seu melhor”, sem pressões exageradas ou pautadas pelo medo de errar.
Estamos diante de um Redesenho das organizações, onde novos formados vão ganhando força, seja nos elementos da jornada de trabalho, benefícios, atenção à saúde mental dos colaboradores e a comunicação entre pessoas, indo na direção de expor de forma mais abrangente as necessidades humanas, resgatadas em plena pandemia.
Em 2010, o livro de Brené Brown, intitulado “O poder da vulnerabilidade”, invadiu nossas mentes quebrando antigas “coleiras” e crenças arraigadas, trazendo para as discussões sobre pessoas – um tema pouco explorado – a nossa necessidade humana de estabelecer conexões emocionais em qualquer contexto.
Experimentamos nos anos de 2020, 21 e 22, a ausência de contato humano e de nossa expressão como seres sociais por conta do isolamento, o que contribuiu para trazer a tona nossa essência, rompendo antigas barreiras de assuntos vitais para a experiência humana.
Já vivenciamos na gestão de pessoas diferentes métricas – engajamento, resultados, turnover entre tantos outros. Atualmente, nos deparamos com movimentos nunca vistos na atração e retenção de talentos – um esforço recorrente na contramão da grande renúncia. Esta transformação na relação e percepção do trabalho, provoca novas discussões em torno de como liderar e motivar pessoas.
O trabalho híbrido e as altas taxas de abandono do trabalho se apresentam como desafios complexos, diante de uma realidade de incertezas contínuas. Equidade e diversidade passam a ser questões expressivas e ocupam a pauta dos líderes, ganhando um espaço considerável.
Empresas estão disputando talentos, repensando atração, sensíveis ao que acontece dentro de cada um, mais atentas e vigilantes com os impactos das decisões sobre pessoas e suas implicações no bem-estar comum, entendendo gradualmente que retenção de talentos assume novos significados na contemporaneidade.
Competir por talentos apenas por meio de remuneração, perde coerência e novos referenciais surgem remodelando nossa forma de liderar, gerando um olhar mais atento ao ser humano, expectativas antes desconsideradas ou rejeitadas passam a ser analisadas sob uma nova ótica de pessoas.
A grande renúncia observada sobretudo nos EUA, aos poucos se espalha ao redor do mundo. Conexões sociais e emocionais mais frágeis gerada pelo trabalho remoto tem suas consequências e o modelo de trabalho híbrido, acrescenta novos desafios a gestão de pessoas.
Relacionamentos mais humanos requerem tempo e forte intencionalidade – a relação entre líder e liderados nunca foi tão valorizada. A experiência pessoal do colaborador se revela parte importante do projeto da empresa e são fatores que podem fazer total diferença na permanência e na produtividade das pessoas.
Habilidades relacionais estão em alta e o bem-estar depende de ambientes e de uma cultura projetada para atender o ser humano que habita no profissional contratado. Despertamos para um olhar sobre a natureza humana e levamos muito tempo para nos apropriar de como nosso comportamento é a chave do sucesso em liderança.
Desconsiderar os elementos da cultura em que estamos inseridos representa uma miopia estrutural – amplia nossos pontos cegos e nos impede de ver além dos comportamentos. É inegável que líderes na contemporaneidade serão convidados a estar psicologicamente instruídos e esclarecidos sobre desenvolvimento de pessoas.
Pesquisas mostram que caminhamos para ter 65% das atividades do líder automatizadas até 2025. As habilidades dos líderes na contemporaneidade será cada vez mais de construção de conexões e estímulo ao desempenho, compreensão do contexto e alta utilização do potencial humano.
Como preparar uma nova geração de líderes capazes de dar novos significados ao seu trabalho? De que forma, podemos ampliar suas competências na direção da maestria relacional, intervenções mediadoras e estimulantes capazes de gerar bem estar e gestão mais humanizada.
Em que medida, os fatores relatados acima, alteram a forma como avaliamos as contribuições dos colaboradores, o modo do líder de equilibrar a gestão de resultados com a qualidade do ambiente interno – o que vai exigir atuar numa nova equação, tanto nos aspectos de habilidades quanto de novos conhecimentos.
Ativos de vitalidade entrarão nas pautas diárias de quem pretender alcançar objetivos estratégicos. O sedentarismo – o novo tabagismo, poderá ser discutido como fator de bem-estar e clima organizacional. As ações e fomento às contribuições singulares estarão na agenda do líder e demandarão mais atenção ao que acontece no entorno e a sua ecologia.
Ambientes profissionais tenderão a ser mais inclusivos, diversos e produtivos, havendo maior acolhimento à diversidade, diálogo e a comunicação assertiva, fruto do desenvolvimento de pessoas.
Em resposta a esse conjunto de variáveis, nos resta adotar uma visão mais ampla do que afeta o bem-estar no contexto organizacional. Estamos sendo convocados a repensar a forma de gerir pessoas e tudo começa pela autoliderança.
Liderar passa por entender de gente, de comportamento humano e da ecologia de nossa comunicação. Se formos mais autênticos, poderemos lidar melhor com o atual cenário: cada dia mais, líderes estão se permitindo admitir honestamente erros e fraquezas, para si mesmo e para os outros. Será preciso força de ego para deixar que os outros vejam nossas imperfeições e como esta interação emocional nos fortalece e nos inspira a evoluir colaborativamente.
Esperamos que este artigo tenha contribuído com seu conhecimento e desenvolvimento.
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