Sacudindo o manual da liderança
A realidade é que a Liderança vive agora dias de incerteza e mudanças inesperadas como se o manual do qual aprendemos ou fomos treinados passou por um “tsunami”.
Sacudir este manual e olhar com esperança para um mundo repleto de desafios, onde habitamos um ambiente onde não temos mais clareza, certeza, nem estabilidade.
Se esta é a nossa realidade onde buscar a “bússola”, senão dentro de cada um de nós? Momentos assim, são um convite ao repensar a prática e a construção de novos referenciais de Liderança.
Por onde começar?
MAIS INCERTEZAS, MAIS NECESSIDADE DE SEGURANÇA INTERNA
A Segurança Psicológica, termo foi cunhado pela Dra. Amy Edmondson, professora de Harvard, e de acordo com ela “é uma crença compartilhada pelos membros de uma equipe de sentir-se seguro com seu entorno e ambiente para a tomada de riscos interpessoais”.
Um ambiente de segurança psicológica se caracteriza pelo nível de confiança que as pessoas têm no ambiente profissional de expressar suas opiniões, darem ideias, fazerem perguntas, e principalmente, de compartilharem seus erros e acertos, onde a colaboração e a transparência são valores organizacionais geradores de desempenho e aprendizado.
Nunca esteve tão presente a necessidade de Segurança Psicológica, tendo em vista que os fatores externos estão tão turbulentos e somente o entendimento que seremos fortalecidos com comportamentos que acolham uns aos outros para que seja possível construir um clima organizacional fortalecedor ao enfrentamento dos desafios atuais.
Como liderar então, quando há tão pouca certeza e clareza?
Todos os estudos mais recentes apontam para a necessidade de maior transparência e comunicação frequente, ainda que não se tenha todas as respostas, pois aumentar a humildade em tempos de crise, pode contribuir com a geração de uma ampla rede de apoio e possibilidades, dada a crescente interdependência do atual cenário.
Aumentar a humildade, significa intensificar a comunicação, admitir o que não se sabe, compartilhar o que sabemos e estar aberto ao processo colaborativo que celebra a complementaridade e apoia o crescimento coletivo.
Esta disrupção de compartilhar mais, concede mais segurança psicológica – diminuindo a entropia ou a energia gasta de modo improdutivo, que é resultado na sua grande maioria da insegurança interna, resultante da falta de informações e das suposições internas de nosso pensamento frente a instabilidade dos ambientes e negócios.
Quando não acessamos um estado de segurança psicológica – uma necessidade humana real, nosso pensamento que naturalmente não é limpo e facilmente contaminável, passa a focar nos problemas e limitamos nosso poder de gerar soluções e contribuir com nossas habilidades e conhecimentos.
Destaco aqui a importância do líder atuar com Agilidade e disponibilizar as informações com clareza e honestidade. A falta de ação ou de significados para as decisões, ou mesmo os enquadramentos mais claros, favorecem que as pessoas sintam-se perdidas e inseguras. E este seria o pior quadro para promover as melhores alternativas no ambiente profissional.
Compartilhar e lidar com as informações disponíveis em meio a crise, se torna um aliado à liderança, na medida em que a Comunicação empática – que torna o fazer comum, pode se guiar pelo propósito e valores que são estáveis.
Os valores são nossa “luz” em meio aos caos. Representam o mais importante para nós e em momentos turvos, iluminam ideias, mobilizam esforços e apontam direções.
Tempos difíceis não significam abandonar seus propósitos, seus clientes e colaboradores continuam sendo importantes, coloque-os no centro das suas decisões e perceba sua firmeza desabrochar apoiada em seus valores e respaldados pela força advinda do todo.
Perceba que o propósito é maior e é ele que nos dá norte em tempos de visão turva. Na pandemia, a proteção a vida direcionou muitas das decisões e contribuições.
Compartilhe o poder com as pessoas ao seu redor e perceba como elas desabrocham transitando em novas posições perceptivas e compreendendo melhor as dimensões das decisões
O controle nestes momentos não apoia a busca por soluções. Pedir ajuda, mostrar-se humano e com a clareza da necessidade de colaboração amplia horizontes e forças.
Isso impulsiona a geração de ideias motivado pelo senso de significado. Somos mais fortes enquanto estivermos juntos
Crises são momentos de se reinventar, de aprender, reaprender e de selar elos perdidos e encontrar caminhos possíveis.
Podem ser o melhor momento para colocar enquadramentos no trabalho: o por que o trabalho que fazemos é assim, adicionando significado ao que fazemos. Explicitar o que é importante e o que está em jogo. Isso integra pessoas em torno de objetivos comuns, que é o grande compromisso de comunicar, tornar comum as prioridades, dando visibilidade e preparando as pessoas para oferecer o que elas têm de melhor.
Isso traz de volta à mente o motivo de estarmos juntos e o que mais importa: direcionar como uma bússola o caminho a ser percorrido. Quanta falta isso faz, para quem faz parte de um time.
Lembrar o time das incertezas do trabalho e da sua interdependência é tarefa do líder. Do quanto a conexão com outras pessoas é produtiva. Trazer a tona a natureza do que fazemos e das implicações do nosso fazer no todo, gerando sinergia e abertura do eu para uma construção coletiva.
Pode representar um convite ao aprendizado contínuo e a seriedade dos compromissos de cada um, bem como da clareza de sermos falíveis, que somos incompletos e precisamos uns dos outros para evoluir, a opinião das pessoas do meu entorno apoiam meu crescimento, assim como sou capaz de enriquecer a caminhada do outro.
Uma dinâmica empresarial que considera o trabalho como um processo contínuo de aprimoramento dá as pessoas a segurança psicológica para experimentarem algo a mais, bem como o acolhimento de suas ideias, tornando possível a evolução pessoal e coletiva.
Líderes não precisam temer reconhecer o esforço individual, de agradecer e mostrar atenção para construir experiências positivas, nem tão pouco esconder-se á sombra com medo de se expressar-se e ser julgado ou criticado. Quanta energia é desperdiçada e improdutiva quando a liderança ignora a natureza e as necessidades humanas?
Fica aqui um convite aos líderes: permita-se olhar para os lados e ouvir além dos seus próprios pensamentos.
Esperamos que este artigo tenha contribuído com seu conhecimento e desenvolvimento.
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